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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A Verdade de Cada Um





















Não adianta esconder a própria verdade. Ela escapa por entre os dedos, revelando-se a quem tem olhos de ver.

Verdade que se oculta, demora na revelação.

Há quem olhe para fora, à procura de respostas que na verdade estão dentro, na intimidade de si mesmo.

Uma história ilustra bem essa realidade.

Narra Mansour Chalita1 que Mullah Nasrudin, o homem santo sufista, exímio gracejador, atravessava frequentemente a fronteira entre a Turquia e a Grécia, montado em seu cavalo.

Sempre que cruzava a fronteira, levava uma sacola com pedras preciosas e outra com poções medicinais, pois tinha permissão legal para transportá-las.

Quando o guarda perguntava qual era o seu negócio, ele respondia:
"Sou contrabandista".

Todas as vezes, o guarda o revistava e nunca encontrava nada incomum. A cada viagem, Nasrudin ficava mais rico, e o guarda, cada vez mais desconfiado. 

Apesar de todas as revistas, feitas a cada vez com mais riqueza de detalhes, nunca encontrava nada.

Finalmente, o viajante se aposentou. Um dia, encontrou-se em uma reunião social com o mesmo guarda da fronteira, que lhe perguntou:
– Nasrudin, agora que você se aposentou e não pode ser processado, conte-me o que contrabandeava, que nunca encontramos e que lhe trouxe tanta riqueza.
Nasrudin respondeu tranquilamente:
– Eu negociava cavalos!
Um segredo fica mais bem escondido quando é óbvio, e pode ser descoberto quando você para de pensar que ele está oculto.

Assim acontece com nossa saúde. É fácil dizer "tudo vai bem", mesmo que o que esteja por trás das aparências não seja algo tão bom assim. E isso passa a ser um risco, quando está em jogo uma solução que precisa ser rápida, que preserve a vida e a integridade da pessoa.
Há quem esconda tanto a própria realidade, que acaba perdendo contato com a verdade que mora dentro de si.

Emmanuel alerta sobre esse aspecto, quando afirma:
Os reflexos dos sentimentos menos dignos que alimentamos voltam-se sobre nós mesmos, depois de convertidos em ondas mentais, tumultuando o serviço das células nervosas que, instaladas na pele, nas vísceras, na medula e no tronco cerebral, desempenham as mais avançadas funções técnicas [...]. 2

Mais adiante, na mesma página, o Benfeitor esclarece [...] que esses reflexos menos felizes, em se derramando sobre o córtex encefálico, produzem alucinações que podem variar da fobia oculta à loucura manifesta, pelas quais os reflexos daqueles companheiros [...] nos atingem com sugestões destruidoras, diretas ou indiretas, conduzindo-nos a deploráveis fenômenos de alienação mental, na obsessão comum, ainda mesmo quando no jogo das aparências possamos aparecer como pessoas espiritualmente sadias".3

Um dia, entenderemos que a manutenção da saúde não depende de remédios e drogas, mas de uma decisão interior, que nos remeta a um estado íntimo de saúde emocional. Para quem decidir viver nessa faixa psíquica, "cair de cama" será uma exceção, e não uma regra.

As verdades de nosso corpo espelham nossas opções mentais.

Fugir da própria realidade pode ser uma solução passageira, mas, com o tempo, essa escolha silenciosamente vai impor uma solução melhor.

É mais interessante encontrar uma maneira de ser saudável, do que apenas estar saudável.
A decisão é nossa. Está em jogo nossa felicidade.

A questão é definir claramente o que podemos fazer para acionar nossos próprios mecanismos de melhoria, sem precisar depender de "remédios" que nem sempre estão ao nosso alcance.

CARLOS ABRANCHES

1 MANSOUR, Chalita. Os mais belos pensamentos de todos os tempos. 2. ed. São Paulo: Ed. Acigi.
2 XAVIER, Francisco C. Pensamento e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 18. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 15, p. 67.
3 Idem, ibidem.

 
Fonte: Reformador. Ano 128, Nº 2.171, Fevereiro, 2010, FEB. 



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