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segunda-feira, 25 de abril de 2011

OFENSAS E OFENSORES

OFENSAS E OFENSORES

Emmanuel

Tão logo apareçam diante de nós quaisquer problemas de injúria, prejuízo, discórdia ou incompreensão, é imperioso observar quão importante para o espírito é o estudo das próprias reações, a fim de que a mágoa não entre em condomínio com as forças que nos habitam a mente.

Ressentir-nos é cortar nos tecidos da própria alma ou acomodar-nos com o veneno que se nos atira, acalentando sofrimento desnecessário ou atraindo a presença da morte. Isso porque, à face da lógica, todas as desvantagens no capítulo das ofensas pesam naqueles que tornam a iniciativa do mal.

O ofensor pode ser a criatura que está sob lastimáveis processos obsessivos, que carrega enfermidades ocultas, que age ao impulso de tremendos enganos, que atravessa a nuvem do chamado momento infeliz, e, quando assim não seja, é alguém que traz a visão espiritual enevoada pela poeira da ignorância, o que, no mundo, é uma infelicidade como qualquer outra. Cabem, ainda, ao ofensor o pesadelo do arrependimento, o desgosto íntimo, o anseio de reequilíbrio e a frustração agravada pela certeza de haver lesado espiritualmente a si próprio. Aos corações ofendidos resta unicamente um perigo – o perigo do ressentimento, que, aliás, não tem a menor significação quando trazemos a consciência pacificada no dever cumprido. Entendendo isso, nunca respondas ao mal com o mal. Considera que os ofensores são, quase sempre, companheiros obsessos ou desorientados, enfermos ou francamente infelizes, a quem não podemos atribuir responsabilidades maiores pelas condições difíceis em que se encontram.

Recomendou-nos Jesus: “Amai os vossos inimigos”.

A nosso ver, semelhante instrução, além de impelir-nos à virtude da tolerância, faz-nos sentir que os ofendidos devem acautelar-se, usando a armadura do amor e da paciência, a fim de que não sofram os golpes do ressentimento, de vez que os ofensores já carregam consigo o fogo do remorso e o fel da reprovação.

O que nos diz o Evangelho Segundo o Espiritismo:

Instruções dos Espíritos

Perdão das ofensas

14. Quantas vezes perdoarei a meu irmão? Perdoar-lhe-eis, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes. Aí tendes um dos ensinos de Jesus que mais vos devem percutir a inteligência e mais alto falar ao coração. Confrontai essas palavras de misericórdia com a oração tão simples, tão resumida e tão grande em suas aspirações, que ensinou a seus discípulos, e o mesmo pensamento se vos deparará sempre. Ele, o justo por excelência, responde a Pedro: perdoarás, mas ilimitadamente; perdoarás cada ofensa tantas vezes quantas ela te for feita; ensinarás a teus irmãos esse esquecimento de si mesmo, que torna uma criatura invulnerável ao ataque, aos maus procedimentos e às injúrias; serás brando e humilde de coração, sem medir a tua mansuetude; farás, enfim, o que desejas que o Pai celestial por ti faça. Não está ele a te perdoar freqüentemente? Conta porventura às vezes que o seu perdão desce a te apagar as faltas? Prestai, pois, ouvidos a essa resposta de Jesus e, como Pedro, aplicai-a a vós mesmos. Perdoai, usai de indulgência, sede caridosos, generosos, pródigos até do vosso amor. Dai que o Senhor vos restituirá; perdoai que o Senhor vos perdoará; abaixai-vos, que o Senhor vos elevará; humilhai-vos, que o Senhor fará vos assenteis à sua direita. Ide, meus bem-amados, estudai e comentai estas palavras que vos dirijo da parte Daquele que, do alto dos esplendores celestes, vos tem sempre sob as suas vistas e prossegue com amor na tarefa ingrata a que deu começo, faz dezoito séculos. Perdoai aos vossos irmãos, como precisais que se vos perdoe. Se seus atos pessoalmente vos prejudicaram, mais uns motivos aí tendem para serdes indulgentes, porquanto o mérito do perdão é proporcionado à gravidade do mal. Nenhuns merecimentos teriam em relevar os agravos dos vossos irmãos, desde que não passassem de simples arranhões. Espíritas, jamais vos esqueçais de que, tanto por palavras, como por atos, o perdão das injúrias não deve ser um termo vão. Pois que vos dizeis espíritas, sede-o. Olvidai o mal que vos hajam feito e não penseis senão numa coisa: no bem que podeis fazer. Aquele que enveredou por esse caminho não tem que se afastar daí, ainda que por pensamento, uma vez que sois responsáveis pelos vossos pensamentos, os quais todos Deus conhece. Cuidai, portanto, de os expungir de todo sentimento de rancor. Deus sabe o que demora no fundo do coração de cada um de seus filhos. Feliz, pois, daquele que pode todas as noites adormecer, dizendo: Nada tenho contra o meu próximo. Simeão. (Bordéus, 1862.)

15. Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si próprio; perdoar aos amigos é dar-lhes uma prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar-se melhor do que era. Perdoai, pois, meus amigos, a fim de que Deus vos perdoe, porquanto, se fordes duros, exigentes, inflexíveis, se usardes de rigor até por uma ofensa leve, como querereis que Deus esqueça de que cada dia maior necessidade tendes de indulgência? Oh! Ai daquele que diz: "Nunca perdoarei", pois pronuncia a sua própria condenação. Quem sabe, aliás, se, descendo ao fundo de vós mesmos, não reconhecereis que fostes o agressor? Quem sabe se, nessa luta que começa por uma alfinetada e acaba por uma ruptura, não fostes quem atirou o primeiro golpe, se vos não escapou alguma palavra injuriosa, se não procedestes com toda a moderação necessária? Sem dúvida, o vosso adversário andou mal em se mostrar excessivamente suscetível; razão de mais para serdes indulgentes e para não vos tomardes merecedores da invectiva que lhe lançastes. Admitamos que, em dada circunstância, fostes realmente ofendido: quem dirá que não envenenastes as coisas por meio de represálias e que não fizestes degenerasse em querela grave o que houvera podido cair facilmente no olvido? Se de vós dependia impedir as conseqüências do fato e não as impedistes, sois culpados. Admitamos, finalmente, que de nenhuma censura vos reconheceis merecedores: mostrai-vos dementes e com isso só fareis que o vosso mérito cresça. Mas, há duas maneiras bem diferente de perdoar: há o perdão dos lábios e o perdão do coração. Muitas pessoas dizem com referência ao seu adversário: "Eu lhe perdôo", mas, interiormente, alegram-se com o mal que lhe advém, comentando que ele tem o que merece. Quantos não dizem: "Perdôo" e acrescentam. "mas, não me reconciliarei nunca; não quero tornar a vê-lo em toda a minha vida." Será esse o perdão, segundo o Evangelho? Não; o perdão verdadeiro, o perdão cristão é aquele que lança um véu sobre o passado; esse o único que vos será levado em conta, visto que Deus não se satisfaz com as aparências. Ele sonda o recesso do coração e os mais secretos pensamentos. Ninguém se lhe impõe por meio de vãs palavras e de simulacros. O esquecimento completo e absoluto das ofensas é peculiar às grandes almas; o rancor é sempre sinal de baixeza e de inferioridade. Não olvideis que o verdadeiro perdão se reconhece muito mais pelos atos do que pelas palavras. - Paulo, apóstolo. (Lião, 1861).


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