Por: Richard Simonetti
Honra
o teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na Terra, que o Senhor,
teu Deus, te dará.
Curioso,
amigo leitor, o quarto mandamento da Lei, recebido por Moisés (Êxodo, 20:12).
Ele
condiciona a longevidade ao empenho por honrar os genitores.
Não
parece compatível com a lógica.
Muitos
homens há que os maltratam e desrespeitam. Omissos, não lhes prestam
assistência, nem lhes dão atenção.
Não
obstante, alcançam expressiva longevidade. Há filhos carinhosos e diligentes. Atenciosos,
cuidam de seu bem-estar.
Entretanto,
logo desencarnam. Não obstante, aparentemente contraditório, o quarto
mandamento exprime algo ponderável.
Consideremos
que honrar pai e mãe seria não fazer nada que os infelicite ou cause
constrangimento.
Alguns
exemplos:
Os
vícios, a desonestidade, os excessos, o desregramento, a promiscuidade, os
desatinos, a indisciplina, a agressividade, a ambição, a mentira...
Se
nos orientarmos no sentido de não decepcioná-los, de não contrariar suas
expectativas a nosso respeito, buscaremos sempre o melhor comportamento, no
intuito de fazê-los felizes, sustentando neles a convicção de que seus filhos
são gente do bem.
Lembro
a experiência de uma jovem virtuosa, assediada por um rapaz, que, aproveitando-se
do fato de que ela simpatizava com ele e o achava atraente, queria iniciar um
relacionamento afetivo mais íntimo.
Ela
reagiu, incisiva: Amo muito meus pais e jamais lhes daria o desgosto de
constatar que estou confundindo namoro com sexo.
Se
quisermos fazer felizes nossos genitores, certamente cultivaremos a compreensão
e a caridade; exercitaremos a oração a reflexão; seremos cordatos e diligentes.
Tudo
para honrar os pais.
Resultado:
Teremos
um comportamento disciplinado e virtuoso, que nos sustentará o equilíbrio físico
psíquico.
E
mais: afirmaremos o padrão vibratório, Estaremos favorecendo a sintonias com
mentores espirituais que nos ajudarão a superar influencias negativa, perigo e
tentações.
Assim,
salvo programas cármicos, se honrarmos nossos pais, terá uma certeza: Serão
prolongados os dias que o Senhor nos dará para as experiências redentoras na e
cola terrestre, habilitando-nos a um retorno feliz a pátria verdadeira, quando
chegar a nossa hora.
Em
relação à perspectiva de retorno a vida espiritual, diz Benjamin Franklin
(1706-1790):
Todos
querem o céu, mas ninguém deseja morrer.
As
religiões de um modo geral falam sobre a vida espiritual, as recompensas
celestes para os bons.
O
Espiritismo desdobra a nossa visão e nos mostra as moradas além tumulo, onde
viveremos melhores, em a pesada armadura de carne, que inibe nossas percepções.
Entretanto,
caro leitor, mesmo no meio espirita, poucos encaram com naturalidade o retorno.
Entranhamo-nos
na vida fisica de tal forma, envolvidos com a família, o negocios, os prazeres,
os interesses materiais, que nos recusamos até mesmo a admitir essa
possibilidade.
Doentes
graves, que estão mais para lá do que para cá, como se costuma dizer, alimentam
esperanças envidam esforços para afugentar a visitante indesejável.
Com isso, apenas prolongam seus sofrimentos, em longa agonia.
Durante algumas semanas visi- tei um senhor que sofrera um AVC, Acidente Vascular Cerebral, Paciente terminal, ja não falava, Comunicava-se precariamente por gestos.
Os
médicos recomendaram que fossem levado para o seu lar, a fim de morrer junto à
família, pois mais se podia fazer por ele, morrendo, Mas, contrariando as
expectativas, ele não morreria.
Em
algumas regiões no Norte, há a figura do ajudador, um espe- cialista que, com
rezas, cantos e palavras cabalísticas, procura com vencer o candidato a defunto
de que é chegada a hora de defuntar. Pois é, leitor amigo, cometi uma de
ajudador. Lia para ele textos em
O Evangelho segundo o Espiri- tismo relacionados com a imor-
talidade, Ao comentar, enfatizava que na Espiritualidade esta nossa patria; que
o retorno é um alivio para o Espírito preso ao corpo enfermo e cheio de
limitações.
Ainda
lúcido, o paciente ouvia tudo atentamente Já não falava, mas, invariavelmente,
respondia com um gesto significativo: erguia a mão e a movimentava vigorosamente,
em gesto de negação.
Não!
Não queria morrer! O corpo estava a expulsá-lo, mas ele se apegava com todas as
forças que lhe restavam, como alguém que se recusa a deixar uma casa em ruínas.
Uma
historinha, leitor amigo, para finalizar: Isabel Fiel, enteada de Robert Louis
Stevenson (1850-1894), grande escritor americano, conta que certa noite ele leu
para a família uma prece para dormir que acabara de escrever:
“Senhor,
quando o dia voltar...
Fazei
com que despertemos
trazendo
no coração e no rosto
a
alegria das alvoradas,
dispostos
ao trabalho, felizes
se
de felicidade for o nosso quinhão”...
Resignados
e corajosos, se nos couber nesse dia uma parcela de sofrimento.
Após
a noite de sono, todos despertaram da forma preconiza daquela oração, felizes e
bem dispostos, sem imaginar que ele os preparara para enfrentarem uma parcela
de sofrimento.
Naquele
dia o grande escritor faleceu subitamente, com serenidade e sem sofrimento.
Fonte:
Reformador - FEB - Ano 128 - Nº 2170 - Janeiro
2010
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