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terça-feira, 6 de março de 2012

Para Viver Bastante


 Por: Richard Simonetti


Honra o teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na Terra, que o Senhor, teu Deus, te dará.

Curioso, amigo leitor, o quarto mandamento da Lei, recebido por Moisés (Êxodo, 20:12).

Ele condiciona a longevidade ao empenho por honrar os genitores.
Não parece compatível com a lógica.

Muitos homens há que os maltratam e desrespeitam. Omissos, não lhes prestam assistência, nem lhes dão atenção.

Não obstante, alcançam expressiva longevidade. Há filhos carinhosos e diligentes. Atenciosos, cuidam de seu bem-estar.

Entretanto, logo desencarnam. Não obstante, aparentemente contraditório, o quarto mandamento exprime algo ponderável.

Consideremos que honrar pai e mãe seria não fazer nada que os infelicite ou cause constrangimento.

Alguns exemplos:

Os vícios, a desonestidade, os excessos, o desregramento, a promiscuidade, os desatinos, a indisciplina, a agressividade, a ambição, a mentira...

Se nos orientarmos no sentido de não decepcioná-los, de não contrariar suas expectativas a nosso respeito, buscaremos sempre o melhor comportamento, no intuito de fazê-los felizes, sustentando neles a convicção de que seus filhos são gente do bem.

Lembro a experiência de uma jovem virtuosa, assediada por um rapaz, que, aproveitando-se do fato de que ela simpatizava com ele e o achava atraente, queria iniciar um relacionamento afetivo mais íntimo.

Ela reagiu, incisiva: Amo muito meus pais e jamais lhes daria o desgosto de constatar que estou confundindo namoro com sexo.

Se quisermos fazer felizes nossos genitores, certamente cultivaremos a compreensão e a caridade; exercitaremos a oração a reflexão; seremos cordatos e diligentes.

Tudo para honrar os pais.

Resultado:
Teremos um comportamento disciplinado e virtuoso, que nos sustentará o equilíbrio físico psíquico.

E mais: afirmaremos o padrão vibratório, Estaremos favorecendo a sintonias com mentores espirituais que nos ajudarão a superar influencias negativa, perigo e tentações.

Assim, salvo programas cármicos, se honrarmos nossos pais, terá uma certeza: Serão prolongados os dias que o Senhor nos dará para as experiências redentoras na e cola terrestre, habilitando-nos a um retorno feliz a pátria verdadeira, quando chegar a nossa hora.

Em relação à perspectiva de retorno a vida espiritual, diz Benjamin Franklin (1706-1790):

Todos querem o céu, mas ninguém deseja morrer.

As religiões de um modo geral falam sobre a vida espiritual, as recompensas celestes para os bons.

O Espiritismo desdobra a nossa visão e nos mostra as moradas além tumulo, onde viveremos melhores, em a pesada armadura de carne, que inibe nossas percepções.

Entretanto, caro leitor, mesmo no meio espirita, poucos encaram com naturalidade o retorno.

Entranhamo-nos na vida fisica de tal forma, envolvidos com a família, o negocios, os prazeres, os interesses materiais, que nos recusamos até mesmo a admitir essa possibilidade.

Doentes graves, que estão mais para lá do que para cá, como se costuma dizer, alimentam esperanças envidam esforços para afugentar a visitante indesejável.  

Com isso, apenas prolongam seus sofrimentos, em longa agonia.
Durante algumas semanas visi- tei um senhor que sofrera um AVC, Acidente Vascular Cerebral, Paciente terminal, ja não falava, Comunicava-se precariamente por gestos.

Os médicos recomendaram que fossem levado para o seu lar, a fim de morrer junto à família, pois mais se podia fazer por ele, morrendo, Mas, contrariando as expectativas, ele não morreria.

Em algumas regiões no Norte, há a figura do ajudador, um espe- cialista que, com rezas, cantos e palavras cabalísticas, procura com vencer o candidato a defunto de que é chegada a hora de defuntar. Pois é, leitor amigo, cometi uma de ajudador. Lia para ele textos em O Evangelho segundo o Espiri- tismo relacionados com a imor- talidade, Ao comentar, enfatizava que na Espiritualidade esta nossa patria; que o retorno é um alivio para o Espírito preso ao corpo enfermo e cheio de limitações.

Ainda lúcido, o paciente ouvia tudo atentamente Já não falava, mas, invariavelmente, respondia com um gesto significativo: erguia a mão e a movimentava vigorosamente, em gesto de negação.

Não! Não queria morrer! O corpo estava a expulsá-lo, mas ele se apegava com todas as forças que lhe restavam, como alguém que se recusa a deixar uma casa em ruínas.

Uma historinha, leitor amigo, para finalizar: Isabel Fiel, enteada de Robert Louis Stevenson (1850-1894), grande escritor americano, conta que certa noite ele leu para a família uma prece para dormir que acabara de escrever:

“Senhor, quando o dia voltar...
Fazei com que despertemos
trazendo no coração e no rosto
a alegria das alvoradas,
dispostos ao trabalho, felizes
se de felicidade for o nosso quinhão”...

Resignados e corajosos, se nos couber nesse dia uma parcela de sofrimento.

Após a noite de sono, todos despertaram da forma preconiza daquela oração, felizes e bem dispostos, sem imaginar que ele os preparara para enfrentarem uma parcela de sofrimento.

Naquele dia o grande escritor faleceu subitamente, com serenidade e sem sofrimento.

 
Fonte: Reformador -  FEB - Ano 128 - Nº 2170 - Janeiro 2010


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